Muito se discutiu qual seria o melhor candidato para os investidores. Com a evolução dos resultados eleitorais, os mercados passaram a operar em forte alta nos primeiros dias de novembro, parecendo indicar uma preferência pelo candidato democrata Joe Biden.
Mas afinal, qual seria o melhor candidato para a economia e para os investidores?
Como podemos observar no gráfico abaixo, a percepção sobre o desempenho da economia dos Estados Unidos entre os eleitores americanos, é profundamente influenciado pelas inclinações políticas:
Fonte: Pew Research Center, J.P. Morgan Asset Management, august 31, 2020.
No período entre 2001 e 2008, governo George W Bush, os eleitores republicanos (linha vermelha) tinham uma percepção de condições econômicas claramente superior aos eleitores democratas (linha azul). No período entre 2009 e 2016, governo Obama, a tendência se inverte e os democratas passam a ter uma percepção muito melhor sobre o desempenho da economia. Em 2017, com a eleição de Trump, os eleitores republicanos voltam a ter uma percepção sobre o desempenho econômico muito melhor que os democratas.
Quando comparamos o desempenho real entre governos democratas e republicanos ao longo do tempo, podemos observar que enquanto no período democrata o crescimento econômico é maior, quando há dominância republicana o S&P500 apresentou melhor performance. Mas, na maior parte do tempo, o controle político foi dividido entre os 2 partidos.
* Se refere a períodos com executivo controlado um dos partidos, mas legislativo pelo outro.
Fonte: J.P. Morgan Asset Management; Standard & Poor’s; Bureau of Economic Analysis – Dados de 1948 a 2018
A tabela abaixo compara do desempenho do índice S&P500 com a configuração política – gestão democrata (azul), republicana (vermelho) ou mista (cinza) com a relação de lucro por ação das empresas que compõem o índice S&P500 (linha verde):
Fonte: Standard & Poor’s, FactSet, NBER, Office of the President, J.P. Morgan Asset Management,25 September 2020.
Podemos observar que o retorno global do índice apresenta forte correlação com o lucro das empresas, não importando tanto com a coloração política do governo. Isso se deve porque em uma economia madura e estabilizada – desde 1948 a economia americana cresce uma taxa média de consistentes 3% ao ano-, com fortes instituições democráticas e econômicas como a dos Estados Unidos, os resultados parecem vir muito mais da evolução dos resultados das empresas, do que da política.
No curto prazo as eleições costumam trazer muita volatilidade, como vimos em 2020, e também em 2016, 2012 e 2008, influenciado talvez pela indefinição dos resultados, mais do que por uma preferência política. No longo prazo, entretanto, o que importa ao investidor é o comportamento do lucro das empresas. O gráfico acima comprova o consiste crescimento dos lucros desde 1995, em exceções como na crise de 2008 e agora com a COVID-19. Tal crescimento é dado pela posição competitiva das empresas, liderança de mercado, investimento em P&D, capacidade de gestão e, nestes quesitos, várias empresas americanas se destacam em âmbito global.
O mercado financeiro dos Estados Unidos é o mais desenvolvido do mundo e congrega 46% de toda a atividade financeira global. Além dos títulos do Governo Americano serem considerado o porto seguro dos investidores, o país representa 41% do mercado acionário e 40% dos títulos de renda-fixa no mundo, proporções bem superiores ao peso da economia americana no mundo – cerca de 25%. O porte do segundo maior mercado de capitais, o chinês, é menor que 1/3 do americano.
Em contraposição aos mercados latino americanos, os Estados Unidos oferecem oportunidade de investimentos em empresas de segmentos vencedores da economia do século XXI, como os de tecnologia e saúde:
Fonte: Bloomberg/Barclays, FactSet, MSCI, Standard & Poor’s, J.P. Morgan Global Economic Research, J.P. Morgan Asset Management, june 30, 2020.
Adicionalmente, o mercado acionário americano possui baixa correlação com os mercados latino americanos, ou seja, esses mercados não costumam andar juntos. Além disso, com o dólar a correlação é negativa, dessa forma, normalmente andam em direção opostas. Sendo assim, estes investimentos podem representar proteção e diversificação para a carteira de um investidor brasileiro.
Conclusão
Apesar da volatilidade de curto prazo que pode advir do cenário político e eleitoral nos Estados Unidos, a robustez de seu mercado de capitais proporcionou retornos consistentes no longo prazo como pode ser percebido no gráfico abaixo, retorno anual médio de 6,1% do S&P500 nos últimos 20 anos. Neste período destaca-se também o retorno dos fundos imobiliários americanos, os REITs (real estate investment trusts), de 11,6% ao ano.
Fonte: J.P. Morgan Asset Management; (Top) Barclays, Bloomberg, FactSet, Standard & Poor’s; (Bottom) Dalbar Inc, june 30, 2020
Vale observar ainda que o retorno do investidor médio foi de apenas 2,5% a.a., pouco superior à inflação de 2,2%. Isso acontece pois, historicamente, o investidor médio tende a se deixar levar pelos excessos de curto prazo do mercado e acaba comprando nos momentos de euforia e vendendo nos momentos de pânico. O que ressalta a importância do longo prazo e da manutenção de uma disciplina de investimentos que não esteja focada nas oscilações de curto prazo.